Fala Zeferina!
Podcast resgata legado de resistência e criatividade para amplificar a arte preta produzida no Brasil.
A produtora Zeferina Produções, criada pelas gestoras culturais Tainá Ramos e Ciça Pereira, acaba de lançar o podcast “Fala Zeferina”, uma plataforma que mistura história, arte e ativismo para discutir a potência da produção cultural negra e periférica. O podcast, que compartilha o nome da produtora, é inspirado na trajetória da líder quilombola Zeferina — símbolo da luta antiescravagista no Brasil —, o projeto estreou com uma temporada dedicada aos bastidores do Gota Preta, iniciativa que reúne artistas marginalizados em exposições e intervenções urbanas.

Inspirada por esse legado de resistência e transformação, a Zeferina Produções atua em projetos de impacto sócio-cultural, promovendo a arte, a música e a cultura como ferramentas de transformação social. Com sede em São Paulo, a produtora se destaca na gestão de carreiras, captação de recursos, consultoria e execução de projetos culturais.
(Foto: Reprodução do Instagram @zeferinaproducoes. Na imagem, as gestoras culturais Ciça Pereira, à esquerda, e Tainá Ramos, à direita.
Em sua estreia, o podcast “Fala Zeferina” dedicou sua primeira temporada a uma imersão nos bastidores da exposição “Gota Preta: Herança”, revelando os caminhos que moldaram a mostra. Mais do que um registro, a série convida o público a adentrar o núcleo criativo do projeto, desvendando as camadas de inspiração que guiaram os processos de curadoria com Wanessa Yano, a expografia de Ozana Souza e a idealização e organização pela Zeferina Produções, com Ciça Pereira e Tainá Ramos. A série transcende o registro documental ao convidar o público a explorar o núcleo criativo do projeto.

(Foto: Reprodução do Instagram @gotapreta.co)
Nas entrelinhas, surgem questões essenciais: como transformar conceitos como herança e ancestralidade em narrativas visuais? Como articular vozes plurais em uma exposição que é, ela mesma, um ato político? Cada episódio funciona como uma teia que conecta histórias pessoais, escolhas estéticas e os desafios de traduzir conceitos abstratos em obras tangíveis. Nas conversas com os artistas abigail Campos Leal, Ione Maria, João Cândido, Mariana Rodrigues, Markus CZA, Nicolau 2.0 e Sheila Ayo, a temporada não se limita a expor “como foi feito”, mas investiga por que foi feito. Com sensibilidade, as entrevistas exploram o significado plural de herança — não como um acervo estático, mas como um diálogo entre passado e presente. “Herança é o que carregamos, mas também o que reinventamos”, reflete Yano, enquanto os episódios desdobram temas como memória corporal, apagamento histórico, e o mercado da arte no Brasil.
Para ouvir, basta apertar play: afinal, a herança africana se transmite através da oralidade. 🎧
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