Negro M.I.A. estreia exposição individual  em São Paulo.

ILEGAL ARTS”,  a mostra individual de Negro M.I.A. em São Paulo, não é apenas uma mostra de arte. É uma denúncia. Um grito visual das margens que aponta como a arte inscreve no corpo da cidade de São Paulo.

A exposição, que ocupa o Kif Club, na Vila Madalena, de 27 de março a 3 de maio, reúne obras que atravessam muros, ruas e silêncios com imagens e colagens que desafiam a estética tradicional e o discurso dominante sobre a periferia.

A curadoria é de Fernanda de Deus, que define a mostra como um espaço de fricção entre arte e política, onde cada obra convida o público a repensar sua relação com o espaço urbano e com os corpos que nele circulam — ou são sistematicamente expulsos.

No texto curatorial, é destacado que as obras de Negro M.I.A. desafiam não apenas a estética do espaço urbano, mas também as narrativas que frequentemente marginalizam as vozes de comunidades periféricas. Entre os temas abordados estão o distanciamento social, a identidade, a resistência e a luta por reconhecimento.

“Esta exposição é um convite para uma reflexão profunda sobre a criminalização da cultura periférica e suas repercussões na sociedade contemporânea”, destaca o texto curatorial

As obras de Negro M.I.A. já se espalham há anos pelos muros de cidades como Salvador, Recife e São Paulo, costurando imagens, frases e símbolos que afirmam a vida preta nas margens. Em “ILEGAL ARTS”, essas imagens ganham a intimidade da galeria, sem abandonar o gesto coletivo da rua. Lambe-lambes, colagens, composições gráficas e fotográficas transformam o espaço expositivo em território de insurgência e memória.



Cada peça é uma afirmação: do direito de existir, de pertencer, de narrar o próprio corpo e a própria história. A exposição aborda temas como distanciamento social, racismo estrutural, identidade, resistência e ancestralidade — tudo isso em uma linguagem que atravessa a visualidade, a poesia e o manifesto.

Foto de reprodução do Instagram @negromia

ILEGAL ARTS não é apenas uma exposição; é um manifesto, um grito de liberdade e um chamado à ação. Que possamos juntos, artistas e público, construir novos entendimentos e possibilidades para a cultura que emerge das margens.

Ao convidar o público para “fazer parte deste diálogo essencial e celebrar a arte que transforma e desafia”, a mostra reafirma a potência da arte preta periférica como ferramenta de enfrentamento, criação e memória.

Serviço

Exposição: ILEGAL ARTS
Artista: Negro M.I.A.
Data: 27 de março de 2025, às 18h
Local: Kif Club – Rua Fidalga, 175, Vila Madalena – SP
Curadoria: Fernanda de Deus (@vismoart)
Instagram: @negromia
Entrada gratuita

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A pesquisadora e arte educadora Wanessa Yano | Osunmike Ẹgbẹ́yomí possui uma vasta experiência em arte educação, estudos de moda, comunicação e processos editoriais. Seus interesses de pesquisa estão profundamente enraizados na história, artes e estéticas africanas e afro diaspóricas, com um foco especial em negócios africanos centrados, comunicação e semiótica no campo da moda e da arte. Ao longo de sua carreira no campo da arte e da moda, Wanessa colaborou com diversas instituições de renome, incluindo o Instituto Tomie Ohtake, HOA Galeria, MJournal, Bienal de São Paulo, SESC-SP, Casa de Criadores, CCSP, IED, SESI e Zeferina Produções. Como fundadora da Editora Ananse e da plataforma de comunicação deend.co, ela desempenha um papel crucial na promoção da diversidade cultural e na valorização do protagonismo preto no Brasil em conexão com o mundo.ela é reconhecida por trazer ao Brasil as obras de grandes intelectuais afrocêntricos, como Cheikh Anta Diop, Molefi Kete Asante, Clenora Hudson-Weems, Nah Dove, Ytasha Womack e Oyèrónke Oyewùmí. Como pesquisadora afrocentrica, Wanessa se dedica a dois projetos importantes. O primeiro, intitulado "Tecidos Africanos no Brasil", visa analisar os tecidos tradicionais no Brasil do século XVI e seus desdobramentos na contemporaneidade, por meio de uma perspectiva antropológica. O segundo projeto, "Dos quitutes ao afroempreendedorismo", propõe uma revisão bibliográfica na disciplina da administração, investigando a presença e contribuição africana na historiografia documentada por meio das movimentações das quitandeiras na formação do afroempreendedorismo, sob a perspectiva da afrocentricidade. Ambas as pesquisas ampliaram o olhar da pesquisadora para questionar os processos cognitivos em relação à percepção e compreensão no Brasil sobre a recepção das culturas e estéticas africanas e afrodiaporicas. As ideias e pesquisas de Wanessa já foram compartilhadas em veículos de destaque, como MJournal, ELLE, Blogueiras Negras, Geledés e Revista Corpo Futuro, proporcionando uma disseminação mais ampla da cultura africana e afro-diaspórica. Essa abordagem interdisciplinar e seu compromisso com a valorização do protagonismo preto no Brasil em conexão com o mundo contribuem para moldar um mundo onde diferentes perspectivas são celebradas e respeitadas.

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