Do Ilê ao Ateliê

Terreiro em São Paulo acolhe artistas e ressignifica a missão dos espaços sagrados.

A relação entre arte e espiritualidade atravessa séculos e civilizações, sendo um campo de estudo enraizado nas práticas culturais e rituais. Nos terreiros de Candomblé, a produção artística não se limita à estética: é um pilar da tradição, da preservação da memória e da transmissão de saberes. Objetos sagrados, cânticos, esculturas e gestos ritualísticos carregam narrativas, simbolismos e a força da resistência cultural afro-brasileira.

É dessa interseção entre arte e espiritualidade que nasce o projeto “Do Ilê ao Ateliê”, que propõe um olhar ampliado e contemporâneo sobre como os terreiros dialogam com as expressões artísticas na atualidade. Com o apoio do Programa de Valorização a Iniciativas Culturais (VAI), da Prefeitura de São Paulo, a iniciativa busca valorizar a arte produzida pela comunidade de terreiro, reconhecendo sua influência na arte contemporânea e promovendo um espaço de troca entre artistas, pesquisadores e o público.

o terreiro como espaço de criação e aprendizado

A proposta do evento é transformar o terreiro em um ateliê aberto, que proporcionará ao público uma experiência imersiva e prática, onde artistas convidados a compartilharão suas trajetórias pessoais e os caminhos que percorrem entre a arte e a espiritualidade.

A programação inclui a roda de conversa inaugural “O que se cria no caminho”, na qual os artistas Iyá Adriana de Nanã, Iyá Marisa de Oyá e Moisés Patrício discutirão a relação entre suas práticas artísticas e religiosas, além de temas como mercado artístico, materialidade, agroecologia e acesso à arte. A mediação ficará por conta de Beré Magalhães. Em seguida, serão oferecidas três oficinas práticas: confecção de papel com espada de São Jorge, extração e modelagem de argila, imagens e símbolos.

Sobre o Instituto Omó Nanã

O Instituto Omó Nanã foi idealizado e liderado pela Iyalorixá Adriana de Nanã, uma importante referência nos estudos tradicionais afro-brasileiros. A instituição desenvolve projetos, estudos e pesquisas voltados para a formação, educação e mobilização social.

Originado no Ilê Axé Omo Nanã, um terreiro de Candomblé da nação Ketu, o Instituto Omó Nanã é uma organização sem fins lucrativos composta majoritariamente por pessoas negras, especialmente mulheres. Sua missão é proteger e fortalecer as tradições de matriz africana e atuar no combate ao racismo religioso.

Baseado nos princípios das ancestralidades, o Instituto Omó Nanã tem como propósito enfrentar o epistemicídio e o racismo científico que afetam as comunidades tradicionais religiosas, além de destacar as contribuições afro-pindorâmicas e a relevância do sagrado na História do Brasil. A organização também foca no fortalecimento das comunidades periféricas, em especial no Jardim São Pedro, bairro de Guaianases, na Zona Leste de São Paulo.

O Instituto Omó Nanã atua na preservação e difusão das culturas de matriz africana, promovendo projetos que unem arte, educação e ancestralidade. Com o “Do Ilê ao Ateliê”, a instituição reforça seu compromisso em dar visibilidade aos saberes tradicionais e expandir as narrativas sobre a arte afro-brasileira.

Serviço

O que se cria no caminho: sobre arte, expressão e terreiro (evento integrante do projeto “Do Ilê ao Ateliê”)
Horário: 13h às 16h

📅 Data: 22 de fevereiro de 2025
📍 Local: Local: Rua Pe. Aloísio Zens, 99, Viela 9, 99a, Jardim São Pedro, São Paulo/SP
🔗 Mais informações: @instituto.omonana
Clique aqui para se inscrever

Imagem que ilustra a matéria é de SALEM. na Unsplash

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *